segunda-feira, 25 de abril de 2011

Versos de outrem: Aquarela

Essa música é classificada como música para crianças...Mas, ao analisar o trecho abaixo da letra, dá pra ver que a mensagem não é exatamente infantil. Pelo contrário, a mensagem é profunda e reflexiva.


"Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá..."

Aquarela - Toquinho e Vinicius de Moraes

quarta-feira, 20 de abril de 2011

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens..."

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado." -1ª Epístola de S. Paulo aos Coríntios.


Um texto muito bonito e de um significado profundo. Qualquer comentário seria inútil diante da grandeza e beleza de tais palavras.

O termo "amor" é entendido como "caridade" em algumas traduções (de acordo com a Wikipédia).

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O tempo não volta

Pensamento que me persegue nesta semana:

Escapou-me por entre os dedos aquilo que, em verdade, talvez nunca tenha sido meu. Fiz tudo errado. Mas, ainda que tivesse feito o certo, o tamanho do incerto sempre será dúbio. A vida é mesmo arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida, como diria Vinícius. Seus descompassos são cruéis com os que erram...

Ainda que o arrependimento bata à porta, ainda que o perdão te console, o que se faz fica no tempo e no espaço, em lembranças conjugadas com emoções e impressões. Não há perdão e arrependimento que tenham o poder de apagar um fato, como num passe de mágica. O que se faz, o que se fala, fica, e como fica, para sempre impresso.

Dessa causalidade não há como fugir. E nisso até a natureza nos ensina. Basta lembrar que: "A toda ação corresponde uma reação, de mesmo módulo, mesma direção e de sentido oposto". Inevitável, infelizmente.

Portanto, é sempre bom pensar que, nem sempre, a falta de sorte ou o destino são as causas de todas as dores que sentimos. Basta analisar, refletir melhor sobre nossas dores, e iremos concluir que boa parte das feridas que carregamos foram causadas por nós mesmos. Desse modo, mesmo que estejamos prontos para seguir em frente e tentar um novo recomeço, pode ser que a outra parte não esteja mais no mesmo compasso, na mesma sintonia, em função de fatos causados no passado.

A esperança que deve haver nisso tudo é que a dor não é um fim (assim espero). Ela é meio. E, quando digo meio, quero dizer que, em face da mais aguda das crises ou do mais leve arranhão, haverá sempre algo a aprender.

A dor só é melhor professora que o amor e a felicidade, porque ela nos cobra "lição de casa", ou seja, reflexão e mudança íntima para não errar novamente.

Sigamos...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Foco

No esforço diário

O pensamento voa

Sem norte, à toa

A qualquer itinerário


No tanto do fazer

Que tanto nos consome

Nem quando se dorme

É possível entender


Que o guia ébrio

Dos devaneios soltos

É fonte dos enganos

Que nos torna débil


Ainda que árido,

Que parco e pálido,

É seu céu, seu erário,

um pensar focado


Com um enfoque

Tem-se lucidez

Podendo dar seu toque

Com fé e sensatez

Mais um poema de minha autoria...

Foco nos pensamentos é algo importante para que não nos deixemos levar por idéias e ideais errôneos, que não condizem com o que queremos e com o que somos em nosso íntimo. Esse foco pode brotar de várias formas. Pode surgir pela força de vontade, pela compaixão, pelo desejo de melhorar, pela ambição, pelo querer do muito crescer, pelo desejo de ajudar, pelo amor, pela paixão, pelo carinho aos outros, pela fé, etc...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Déficit de subjetividade

Esse trecho me fez formular uma série de novos pensamentos. Achei muito bom!

"(...) Vivemos em um tempo de déficit de subjetividade. O que isso quer dizer? Que há um empobrecimento na experimentação de formas de vida. Os grandes mitos da sociedade hoje são, quase sempre, figuras cuja presença no imaginário das pessoas se deve a um aparato aurático produzido pela repetição infinita de sua imagem nos meios de comunicação de massa. Para além ou aquém dessa aura midiática, pouco resta.

Assim, os ícones do espetáculo não se apresentam como referências para experimentações de formas de vida, e a arte - embora, a meu ver, viva um momento histórico vigoroso - não se apresenta, observando em termos de tendências gerais, como uma convergência do ético com o estético. (...)"

"(...) Em um momento como esse, em que experimentações de formas de subjetivação ao nível dos afetos, da produção de relações, são desencorajadas pela sociedade do consumo e do espetáculo, os valores que Vinicius [de Moraes] faz circular na cultura (em suas letras, mas também em todo o rastro de signos que disseminou em sua passagem) tornam-se, mais do que desejáveis, urgentes: o amor, a amizade, a invenção de formas de vida, a exploração corajosa do amplo território da imanência. A vida."

Trecho do texto "Altas Intensidades" de autoria do escritor Fernando Bosco, extraído do site do Vinícius de Moraes (http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=1261o)