domingo, 27 de julho de 2014

Marés

Vezes há em que o mar
Junto à rocha vem
Seu branco nela roçar
Molhando carinhos como ninguém.

Vezes há em que o mar
À luz da lua reluz
Espelho negro singular
Que ondulando calmo seduz.

E às vezes o mar
Revolto, salga seu ar
Com golpes e torturas
E sobre as pedras nuas
Castiga esculturas.

E às vezes, só o olhar o alcança
De repente, sobre seus pés ele avança

Conjugando calmaria e inquietude
Silêncio e perturbações
Experiência e juventude
Amor e paixões
O mar flui por esse mundo
Com suas marés de imperfeições.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Exaurimento e suspensão

De longa data sempre fui
Repetindo tudo, tudo
De quando em quando caí
Dando volta ao mundo, fundo

E de tanto andar, cansei
Desta vez, enfim, parei
Tentando não repetir
As que me deixei perder

E de tanto rodar, confuso
De reiterar, de novo
Pedi uma pausa a todos
Para encontrar, em mim, o novo.

Preciso voltar às aulas. Ficar com mente desocupada me faz pensar por demais. 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Sessão de terapia


Segue mais um texto de minha autoria...

Remanesceu, por muito, a fadiga
de ser pensante no todo
que dentro sem trégua, briga
para não imergir no lodo


Quebrou, porém, a inércia
o impulso dado por um erro
cresceu apetite em dose certa
para adentrar em meu ermo


Em face límpida, então, me pus
encarando minha própria imagem
lançando à dúvida, a luz
às indagações que sempre jazem 


E, assim, na dialética talhada em prantos
viajo para meu interior
tomo tato de um vazio que há tanto
cubro com discurso sonhador... 
 

sábado, 4 de janeiro de 2014

Saturno

Depois de uns dias passados de frente para o mar, eis o resultado. Mais uma poesia de minha criação.

Saturno

De repente, tudo caiu
Os velhos pratos da estante
Até um vaso ruiu
Ao meu querer, não obstante

O Sol de cada dia
Que brilha sempre; sempre igual
Nascente, a pino e poente.
Passou por questionamento infernal

Até minha Lua, oh! amada
Inocente; foi posta à prova
Sem que pudesse fazer nada

A Noite moribunda
Vagabunda e boêmia
Divertida e efêmera
Seria quiçá imunda?

O Mar do instável
E dos movimentos de maré
Potentado e implacável
É mesmo profundo como a fé?

Sol de cada dia,
Minha Lua, amada,
A Noite divertida
E o Mar de fachada
Antes sólidos
Hoje melancólicos
Antes verdadeiros
Hoje desordeiros
Estão prostrados
De olhos cerrados
Meditando indagações.

Itanhaém, 03 de janeiro de 2014.