domingo, 27 de setembro de 2009

Visão nublada

Sempre te olhei
Mas nunca com esses olhos
E você já me olhava
com aqueles olhos
Foi então que reparei
quando fechei os olhos
que nada mais faltava
quando depois abri os olhos

E quando depois abri os olhos
Esqueci o lugar que vi
era noite, talvez, abril
E então fechei os olhos

E quando denovo abri os olhos
Ouvi sons estranhos que se ordenavam
As notas longínquas no ar se espalhavam
E mesmo quando fechei denovo os olhos
As batidas e os acordes ainda lá estavam

Ao fechar novamente os olhos
o chão matreiro muito se mexia
querendo usar de pura covardia
para não deixar fechar meus olhos
e tampouco me fazer esquecer desse dia

Nesse instável movimento de maré
nossos lábios no nosso envolver
podiam até no ar nos suspender
mas ainda precisávamos usar os pés
para em pé nos manter

De olhos fechados
De vistas cerradas
e de peles comungadas
a importância da visão
era a última preocupação
O que fiz, ouvi e vi
são agora doce recordação.

Os fatos que geraram a criação destes versos quase em nada tem a ver com o significado da poesia. Pensei em uma situação corriqueira e quis descrevê-la de maneira tão subjetiva e impessoal que acabei dando à poesia um significado distinto.

Só pra constar, todas as poesias que posto neste blog são de minha autoria. Quando há um autor que não seja eu, faço questão de colocar o seu nome.

domingo, 13 de setembro de 2009

As últimas moradas do rock genuíno

Há umas duas semanas fui ao aniversário de uma amiga minha que, num espírito de saudosismo, escolheu o Kazebre Rock Bar para ser o local da comemoração da festa. Esta minha amiga estudou comigo da 5ª à 8ª série e, naquela época, éramos rockeiros "roxos", por assim dizer. Cultuávamos o "deus rock and roll". Só o rock prestava, os outros ritmos eram lixo.

Nunca tinha ido nesse bar de rock. Lá eu senti o verdadeiro espírito rock and roll, a começar pelo estilo do bar, constituído por diversos ambientes rústicos, mas, ainda, ao ar livre, com direito a fogueira e tudo mais.

Nesse bar pude perceber que ali sim estava o rock and roll de verdade. Não só pelas bandas que estavam tocando os grandes clássicos do rock, mas também pelo fato das pessoas se comportarem rockeiros de verdade. Além das vestimentas peculiares, a atitude rock and roll, tão conhecida por todos, estava estampada no jeito de andar, falar, gritar os refrões e, sobre tudo, no pouco se importar para que os outros poderiam achar.

Vou ser mais específico. Primeiro, todos ali estava caracterizados como rockeiros, ou seja, homens de cabelo comprido e barba, mulheres com cabelos coloridos, sendo que quase todos estava de preto e/ou com camisetas de banda e/ou com piercings, entre outros adereços e peças do estilo do rock. Segundo, todos ali, enquanto as bandas tocavam, iam para a pista chaqualhar o corpo ao ritmo da música, sendo que muitos até faziam "bate-cabeça" e pulavam do palco para serem aguarrados pelos braços da multidão.

Outro ponto a se salientar é que as bandas faziam covers de bandas conhecidas, mas não tocavam as musicas comerciais dessas bandas, e, mesmo assim, o povo na pista cantava em uníssono todas as letras que, para os comuns, é desconhecida.

Em resumo, eu vi um lugar no qual jovens e adultos libertam uma parte autência de seus espíritos, coisa que não poderiam fazer no dia-a-dia da sociedade. Naquele local eles estavam vivendo numa dimensão espacial e temporal, na qual eles podem tomar atitudes tidas como bobas e que naquela dimensão são tidas como normais.

Esta demonstração de liberdade e de autenticidade talvez acabe se mostrando um pouco caricata, pois são poucos os locais e os momentos em que se pode libertar seus demônios. Assim, dada esta raridade, esse acúmulo é descarregado de forma abrupta cada vez que tem oportunidade.

Cocluindo, eu vi que o Kazebre Rock Bar é uma das últimas moradas do rock genuíno, do rock autêntico. Lá o rock and roll ainda é vivido em suas características essenciais. Não ouvi as bandas de lá tocarem Simple Plan, Panico at the Disco ou outras bandas desse novo rock and roll emergente.

É uma pena que, para esses rockeiros autênticos, os locais desse estilo mais genuíno do rock estão diminuindo a cada dia que passa aqui em São Paulo. Além dos locais, as rádios que tocam essencialmente rock and roll também minguaram, restando apenas a Kiss FM. Esses e outros fatores me fazem crer que o estilo rockeiro que cultua as bandas dos anos 70, 80 e 90, o qual se pode chamar de rockeiro de verdade, está acabando. Bom, mas isso é assunto para um outro post. Fico por aqui.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Presente, erros e esperança

Toda e cada lacuna sua
Servirá para te louvar
E lembrar que este pesar
Mesmo que me faça chorar
Serve só para lembrar
A grandeza que é te cultivar

A frieza da sombra que me abriga
É companhia necessária
Pois conhecer esta gelidez inimiga
É o amargo gosto para viver a dádiva

Estas lições acabei aprendendo tarde
Depois de fazer das vítimas metades
De vulgarizar seu nome pelos ares
E de jurar vivê-lo com intensidade

Menti em teu nome, não me orgulho disso
Fui ardil, disfarçado de nobre
Fingi ser santo, um tanto escorregadiço
Para no fim, terminar assim pobre
Incompleto e de peito vazio

Por isso, quando você figurar em minha vida
Não vou jurar mais nada
Só vou dizer o que decorre da calma
Pois a palavra desmedida
É a chave do sofrer da alma

Mas, quando um dia figurar em minha vida
Hei de vivê-lo com emoção
E vivê-lo até nos pequenos vãos
Nas brechas dos dias que passarão
E na totalidade das noites sem solidão.

Esses versos eu destino a todos aqueles que fizeram as suas cagadas pela vida amorosa e que, apesar de estarem num "limbo" ou numa solidão (necessária ou não), aprenderam o que é preciso, para cultivar o amor, e estão a espera de uma oportunidade, para colocar em prática o os pensamentos e os sentimentos "potenciais" guardados.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O que Deus une o homem não separa

Ola!

Ultimamente não tenho tido muita inspiração para escrever. Talvez pelo fascínio da minha nova rotina acadêmica ou talvez por uma questão de estática sentimental, não tenho tido aquele canal claro com meus anseios de inspiração.

Mesmo assim, teimei um pouco e quis fazer uma homenagem a um casal de amigos meus que deixam transparecer um amor evidente, latente, vivo e com ímpeto tamanho, que não só merece uma poesia, mas também uma obra inteira.

Não sei se ficou bom, pois usei pouca liguagem conotativa (sentido figurado). Fui objetivo como uma flecha ao descrever o amor dos dois.

De todo modo, segue a poesia para o meu amigo e "irmão" Bruno (vocalista e violonista da minha banda) e a minha amiga e "cunhada" Luzia. Vale ressaltar que toda vez que ele canta, seja em ensaios seja em apresentações, ela chora muito.

O que Deus une o homem não separa

Ele sempre galante ao cantar
E ela sempre bela ao chorar
Assim, ao verter de uma lágrima
Provocada pelos versos bem cantados
Vê-se a emoção, uma dádiva
E a prova dos dois apaixonados

Estes seres de amor dotados
São alvos de uma graça
Um ao outro foram, por Deus, destinados
E a esta união levanto aqui minha taça

Está nítido a qualquer visão
A beleza ímpar dessa união
E a perfeição deste belo par
Que me dá gosto em testemunhar

Então, no verter de cada lágrima
E no sonar de cada verso
Eles mostram a todos a prova máxima
Do amor sincero vivido sem ego

Eles têm posturas encaixadas
E vidas um no outro apoiadas
Eles são as metades juntadas
E em um todo abençoadas.

Essas metades juntadas
Foram por Ele aproximadas
E o que Ele põe a mão
O homem não separa não.