domingo, 28 de junho de 2009

O nome dela (rima com ela)

Naquela noite clara
O que não ficou claro
Era a minha vontade, boa vontade
De ter você na pureza, em estado de verdade

Para isso caminhei até você
Rumei a fim de te conhecer
Mas o caminho até você era estreito
Estreito igual a uma viela
Por mais que os passos fossem certeiros
Andei e andei e morri junto às pedras

Seus gestos bem postados
Seus traços maduros e formosos
Seus cabelos nos ombros ou de lado
Suas roupas em tons garbosos
A alva pele, doce epiderme
E alvo sorriso, elegante e distintivo
Me traíram, me iludiram
Me enganaram, mas me encantaram

E assim, em meio à claridade noturna
Ouvindo sons de dança febril
Te conhecer foi coisa oportuna
E gostoso como o clima de abril

Seu nome? Eu não lembro
Sofro de uma séria mazela
Só lembro da atmosfera daquela donzela
Cujo nome e tudo nela
Estão em harmonia, rimando com ela.

terça-feira, 23 de junho de 2009

O Eremita

Embaixo da pedra
Sob a guarda da terra
Jaz suas visões
Jaz suas missões

Abafado pelo uivo
Disfarçado de difunto
Oculta teu sopro
Se desenha como um ogro

Sua expressão mórbida
Pode guardar tantas coisas
Desde uma mensagem sórdida
Até certas vontades doidas

Suas palavras tortas
As vezes gaguejadas
Escondem uma infinita porta
Para quem entende suas piadas

Noturno, ele se move
Com sua lábia ele some
Com seu olhar te observa
Assim na sombra, assim na selva

Você não o entende
Você nunca entenderá
O que ele em si compreende
Ou o que ele um dia terá

sábado, 13 de junho de 2009

Dois

Só pra constar...todos os textos e poemas que não tem o autor mencionado, são de minha autoria, como este que segue abaixo. Não se preocupem, trabalho com propriedade intelectual há 5 anos e sei me proteger contra espertões de plantão.

DOIS

"Não posso dizer que estou arrependido por ter causado sua inimizade. Pra dizer a verdade, nunca tivemos amizade. Tenho isso muito claro para mim que as coisas deveriam ser assim. Talvez tenha sido uma combinação de ações, talvez tenha sido orgulho, talvez tenha sido o abafamento da razão ou a falha ao ver o futuro.

Quando você queria a paz, eu quis a guerra, quando eu quis a paz, você disse "já era". E esse jogo alternado e retardado, de duas pessoas que não sabem da vida sequer uma metade, acarretou neste lamentável resultado. Duas ilhas é o que somos, mas um oceano um dia fomos, misturados em um mesmo e hoje afastados pelos erros.

Olhar para o passado não é querer reviver o que foi acabado. Imagino que seja uma vontade de reparar o que se deu, pois na época não conseguimos interpretar o que aconteceu. O tempo passa, o outono vem, é junho novamente, ainda bem, não estou triste ou infeliz pelo que se sucedeu.

Como a maçãs ou outros frutos, com o tempo e as experiências, ficamos maduros e o que antes era escuro agora revela o tudo. É fácil agora enxergar que as diferenças não poderiam jamais juntas morarem, mas será que nem um pouco próximas elas poderiam estar, para a amizade pelo menos restar?

De um lado, o maduro, em um momento fortuito, um antigo imaturo que teve seus motivos, acreditem, para agir feito um burro. De outro lado, alguém que não cede, que não percebe o que fizeste, que tentou não perder a pose, que nunca abaixou a guarda, mas que uma vez esteve com ânimo para levar a adiante o resquício de amizade resgatada. Duas forças marcantes, instigantes, dois antigos, dois amigos e, por hora, dois inimigos.

Quais causas justificariam com plenitude o fim dos diálogos entre dois, que agora são cada um, e cada um assim separados? Se os caminhos são divergentes por que ao menos não tentar algo diferente? Mesmo que não haja lealdade ou amizade, por que não deixar as coisas, pelo menos, na neutralidade?"

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Versos de outrem: Rosa

Aproveitando a data do dia dos namorados, segue uma letra simplesmente muito bonita. Não tenho palavras para adjetivar essa letra, mesmo porque, palavras mais belas e bem colocadas como estas não hei de ousar combinar.

Pra dizer bem a verdade eu fico tonto pela sutileza, delicadeza e pelo romantismo utilizado pelos compositores, além de também admirar o vocabulário utilizado. Sou suspeito para falar, porque, como já disse, essa é uma letra muito bonita.

Falando um pouco sobre o dia dos namorados....Aos enamorados, meus mais sinceros votos de felicidade! Vivam o bom fruto do relacionamento de vocês, tenham sempre uns aos outros e, principalmente, respeitem-se e admirem-se.

Lembrem-se dos bons momentos, tenham tolerância, paciência e compreensão um com o outro. Edificar qualquer coisa, inclusive uma relação, é sempre algo difícil, porém, na maior parte das vezes, muito gratificante. Portanto, deixem-se invadir pelos bons sentimentos!

Desejo a todos um bom dia dos namorados!

ROSA
Composição: Pixinguinha e Otávio de Souza

Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu

Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza

Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer

domingo, 7 de junho de 2009

Versos de outrem: Camões

Olá! Continuando com a maré de falta de criatividade, vou colocar aqui uma das estrofes mais bonitas de Os Lusíadas. Logo terei mais coisas novas para postar aqui. Por enquanto, nesta fase de adaptação à uma nova rotina, estou sem tempo para organizar as minhas idéias e escrever algo.

Esta estrofe pertence ao Canto III tragédia de Inês de Castro (e não de Inês Pereira - que é de Gil Vicente). A história gira em torno da sempre constante sina do medo iminente de Portugal perder seu trono para algum reino espanhol, que na época (por volta de 1355) não era unificada - coisa que só aconteceu em 1492 com o casamento dos reis católicos. O príncipe de Portugal D. Pedro se apaixonou perdidamente por Inês, que era descendente por via bastarda de Sancho IV, rei de Castela. Obviamente, a nobreza começou a condenar esse casamento, principalmente, com o temor que, depois da morte do rei D. Afonso IV, Inês favorecesse e até passasse o poder para Castela. Foi estabelecida uma trama de intrigas e conspiração que levou ao assassinato de Inês por nobres partidários do rei e, o pior, com consentimento do próprio rei. Isso causou uma guerra civil entre Pedro e Afonso. A guerra acabou através do pedido de perdão do rei D. Afonso IV. No fim das contas, o rei morreu em 1357 e D. Pedro assumiu o trono. Como primeira atitude mandou perseguir os assassinos de Inês, sendo que um deles teve seu coração arrancado em praça pública. Há uma versão lendária da história em que D. Pedro pediu para que Inês fosse coroada antes de ser enterrada e forçou a nobreza a beijar sua mão, reconhecendo-a como rainha.

Eis os versos:

"Tu, só tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem como lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano."

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Toca Raul: Loteria da Babilônia

Raul era foda...Essa letra, na minha interpretação, fala sobre uma pessoa que está no momento de transformar a energia em movimento, o aprendizado em prática, a experiência em ganhos e assim por diante. Fala sobre uma pessoa que passou muito tempo em uma "encubadora" e agora está pronta para sair e expor as suas idéias, ou, ainda, que já fez de tudo, já acumulou experiência de vida e agora está pronta para ação, podendo até ser essa ação algo como rebeldia. Enfim, é uma letra que fala sobre transformar o estático em dinâmico.

Enjoy!

Loteria da Babilônia
Raul Seixas e Paulo Coelho


Vai! Vai! Vai!
E grita ao mundo
Que você está certo
Você aprendeu tudo
Enquanto estava mudo
Agora é necessário
Gritar e cantar Rock
E demonstrar o teorema da vida
E os macetes do xadrez
Do xadrez!...

Você tem as respostas
Das perguntas
Resolveu as equações
Que não sabia
E já não tem mais nada
O que fazer a não ser
Verdades e verdades
Mais verdades e verdades
Para me dizer
A declarar!...

Tudo o que tinha
Que ser chorado
Já foi chorado
Você já cumpriu
Os doze trabalhos
Reescreveu livros
Dos séculos passados
Assinou duplicatas
Inventou baralhos...

Passeou de dia
E dormiu de noite
Consertou vitrolas
Para ouvir música
Sabe trechos da Bíblia de cor
Sabe receitas mágicas de amor...

Conhece em Marte
Um amigo antigo lavrador
Que te ensinou a ter
Do bom e do melhor
Do melhor!...

Mas o que você
Não sabe por inteiro
É como ganhar dinheiro
Mas isso é fácil
E você não vai parar
Você não tem perguntas
Prá fazer
Porque só tem verdades
Prá dizer
A declarar!...