quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

O peso que hoje me pesa

O peso que hoje me pesa
Mais pesado não houvera
E mais pesado há de ficar

O ombros que o escora
Estão tortos a essa hora
E doloridos hão de ficar

O passo lento que hoje impera
Já foi rápido em outra era
E mais devagar há de ficar

Minha cabeça que tanto opera
Pouco grisalha pouco careca
Sem um fio sobrará

E dos tantos amigos que tivera
Hoje tão poucos, antes uma leva
Quem restará?

E os desejos que antes tivera
Tanta paixão, tanta guerra
A morte os levará

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Ofício

07/02/2019

Piso em cobras ou delas me desvio
Ouço murmúrios e alguns gemidos
Vejo o diabo, por trás de cada face
Vejo tudo como é e sem disfarce

Cada um é uma peça
E um jogador audaz
Como peça é peão
Como jogador, capataz

Quando falo, ouvem
Quando saio, falam
Quanto estou, calam
Quando vou, traem

E tudo é vigiado
E tudo é comentado
Olhos carniceiros me veem
Olhos vorazes me comem
Cada gesto é notícia
E vira assunto do dia

Me recolho e me afundo no silêncio
Para na lacuna encontrar a paz
Só digo o que não diz o sentimento
Para na razão encontrar a paz
Oculto, então, a minha essência
para não fraquejar na resistência

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Pressa

Tudo corre ao meu redor
Eu corro também, não sou melhor
O tempo passa, passa
Passa, passa veloz
E cada passo é raso, falho, feio e atroz

Tenho pressa, muita pressa
Atropelo a sesta
Não sinto festa
Enrugo a testa

Me falta o ar! Que horas são?
Hoje não!

Não consigo parar!
Apesar de tentar
As pernas, que são boas
nunca ficam à toa

Eu quero parar!
Mas que horas são?
Meu Deus! Hoje não!