segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Ofício

07/02/2019

Piso em cobras ou delas me desvio
Ouço murmúrios e alguns gemidos
Vejo o diabo, por trás de cada face
Vejo tudo como é e sem disfarce

Cada um é uma peça
E um jogador audaz
Como peça é peão
Como jogador, capataz

Quando falo, ouvem
Quando saio, falam
Quanto estou, calam
Quando vou, traem

E tudo é vigiado
E tudo é comentado
Olhos carniceiros me veem
Olhos vorazes me comem
Cada gesto é notícia
E vira assunto do dia

Me recolho e me afundo no silêncio
Para na lacuna encontrar a paz
Só digo o que não diz o sentimento
Para na razão encontrar a paz
Oculto, então, a minha essência
para não fraquejar na resistência

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