sábado, 23 de maio de 2009
Fim de um ciclo
Olho de baixo para cima
com muita lembrança e estima
este lugar enriquecedor
as paredes frias da cidade
o vento agudo pelos ares
a névoa matutina
não estão mais em minha rotina
os rostos saem do presente
as palavras ficam na mente
as lembranças habitam a memória
e o que fica é a vivida história
foi tão rápido, foi tão intenso
que ainda não sinto saudade
de algo tão assim latente
mas vou dizer a verdade
estou sim assim contente
Não vale chorar
nem se lamentar
é preciso comemorar
o fim de um caminhar
para começar
a novamente sonhar
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Sexta-feira
Não é incrível como um dia da semana pode trazer tanta felicidade, assim, do nada? É nas sextas que existem os "casual days", aqueles dias em que o traje para trabalhar possui menos rigor formal. É nas sextas que os almoços de 2 horas são combinados e, às vezes, conta até com a presença da chefia. É nas sextas que os bares são tomados por uma multidão de pessoas em busca de um choppinho gelado, de uma porção de qualquer coisa pra comer e de ter um momento de descontração imediatamente após o final do expediante. Parece loucura, mas tudo isso que eu falei só existe porque a sexta-feira existe.
Parado na merda do trânsito dessa cidade, vindo para a minha casa hoje, comecei a refletir sobre essa fonte de felicidade que mora em todas as sextas. Acredito que a felicidade permeia os corações humanos na sexta pelo fato de que este dia representa um período de boas expectativas. É mais ou menos assim: hoje estamos "cansados" por todos os acontecimentos e pelos dramas dos dias de semana, mas amanhã e no domingo teremos todo o tempo para relaxar, sair, brincar, visitar amigos e parentes, dormir até tarde, conhecer gente nova em uma balada, ou seja, fazer ou sonhar em fazer o que bem entendemos. Em outras palavras, acredito que o que gera essa felicidade não são especificamente as coisas que vamos fazer ou deixar de fazer no fim de semana, mas sim a expectativa certeira de realizar coisas, de ter esperança que amanhã, por conta desse período de descanço, as coisas vão ser melhores de alguma forma. Digo espectativa certeira, pois, temos certeza que teremos o fim de semana, ou seja, é algo verdadeiro, concreto, e depende de nós realizar coisas que nos dão prazer nesses dias.
Esse raciocínio se estende para vésperas de feriado, vésperas de viagens, vésperas de férias e, principalmente, véspera de ano novo. Quer uma data mais feliz que a véspera de ano novo? Qual seria o motivo de tanta felicidade senão as expectativas e esperanças para o próximo ano? Portanto, mesmo não acreditando que isso se estenda a todos, pois, afinal, temos nossas particularidades, é fato que a esperança e a expectativa de realizar sonhos e coisas que nos dão prazer podem trazer mais felicidade do que a realização, de fato, destas ânsias e ambições. É uma loucura mas assim nos comporatamos. Já pararam pra pensar nisso?
domingo, 10 de maio de 2009
Artificialidade
Ainda que de forma abstrata, ouso a traçar um requisito ideal: naturalidade, a qual me referi no último parágrafo. Ela é essencial e paradoxal, para que entendamos que não há ser perfeito, e que toda realidade tem seu formoso e necessário defeito.”
Bom, para aqueles que acham esse blog uma extensão da revista capricho, esse post vai cair como uma luva para sustentar mais um pouco a argumentação de vocês. Tive esse “insight” ontem enquanto assistia TV e vi uma chamada para o concurso de Miss Brasil. Comecei a ver aquelas mulheres, muito bonitas por sinal, mas, talvez pela questão do rigor do concurso, todas elas me pareciam revestidas por uma beleza vazia, muito artificial. Pode haver aqueles que discordam das minhas idéias, mas uma das coisas que mais me atrai numa mulher é a naturalidade, a espontaneidade, isto é, se ela está feliz, ela se mostra feliz, se está triste, ela se mostra triste. Indo além, essa naturalidade se estende também ao jeito de andar, vestir-se e de jogar seu charme. Tudo o que é forçado, artificial, pelo menos em mim, não gera aquele puta impacto. E, se gera, seus efeitos são fulgazes.
Enfim, foi só um momento de reflexão já que estava imerso em pleno ócio.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Escolha
tecer dentro de nós
de modo rápido, ágil
uma decisão a sós
Dois caminhos
duas lutas
dualidade, dúvida
sem chance de permuta
Um antônimo
um paradoxo
um heterônimo
nada ortodoxo
Dois caminhos
duas lutas
uma fica para trás
uma morrerá em paz
em uma seguirá adiante
em uma será radiante
o medo é natural
a ansiedade é animal
mas recuar é boçal
pois escolher é normal
se o objetivo é progredir
em frente deves prosseguir
ignore a dor e as sombras
não te arrependas
e não ouça quem te zombas
viver é escolher
está na alma
e em nosso ser
e tem que estar na calma
do nosso amadurecer
Meus amigos, minhas amigas,...nem sempre é fácil, mas temos que escolher uma saída, uma solução e até o sabor da pizza ou a cor do colchão. Tudo é baseado em escolhas e na consequência que estas escolhas terão em nossas vidas. Não diferentemente, nesta semana me vi diante de uma escolha, uma escolha de peso, com consequências sérias, para o bem ou para o mal. Acredito ter escolhido o melhor caminho e gostaria que vocês que estão diante de um dilema também tomem a melhor decisão.
Abraços!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Virada cultural - impressões e opiniões
Olá!
Tive o prazer de comparecer a virada cultura deste ano. A última vez que compareci foi em 2007. Naquela ocasião, além de ter tido a então inédita experiência de andar no centro à noite, com certa segurança, assisti o show do Teatro Mágico. Respeito o gosto dos fãs dessa banda, mas eu particularmente nunca gostei.
Enfim, falando agora sobre a minha jornada por esta virada, talvez eu tenha escolhido os eventos errados ou os horários errados, pois, no geral, a única coisa que valeu nessa virada foi a companhia do pessoal que estava comigo. Desse vez, escolhi ficar no rock, no palco montado na Praça da República. A minha intenção era ficar ali, assistir algumas apresentações e, depois, partir em busca do meu santo graal, ver o palco onde só estava tocando músicas do Raul Seixas. Sim, eu curto Raul Seixas. Mas depois eu comento sobre isso...
Pois bem, muito antes de chegar ao evento, já dava para ter uma noção, ainda que vaga, do caos que estaria as imediações do centro da cidade. Enquanto estava a caminho da estação Praça da República, de metrô, fui informado pelos auto falantes da estação Tatuapé que a estação para onde estava indo não estava aberta, por causa das obras de expansão do metrô. Por conta disso, os trens estavam "circulando com velocidade reduzida e maior tempo de parada". E não se esqueçam que "os assentos de cor cinza são de uso preferencial. Seja cidadão, respeite esse direito." hahaha!
O segundo fato a se destacar, que foi no mínimo curioso, se deu quando ainda estava a caminho do centro. O depoimento de um policial militar que estava no vagão em que eu estava, já me deu uma noção, ainda que vaga, do que poderia se tornar aquele evento. Ele estava comentando com um dos passageiros do metrô que estava acordado há cerca de 36 horas e que só iria passar em casa para tomar um banho e depois iria participar do patrulhamento da virada. Antes que todos pudessem olhar para o lado, depois desse desabafo ele emendou: "o pior de tudo é que não tem infra-estrutura pra isso. A prefeitura organiza isso [a virada] e depois quer que a gente [polícia] tome conta de tudo. Não adianta. Vai ter assalto, vai ter briga, vai ter tudo e vamos fazer o que pode."
Essas palavras animadoras não fizeram muito sentido quando cheguei na Sé, já com a minha irmã. Eu presenciei um clima calmo e festivo (eram umas 19h). Me aloquei na Praça da República com certa facilidade, apesar do mundarel de gente e lá encontrei o restante dos amigos para assistirmos aos shows por lá.
Depois de assistir dois shows na República notamos que a duração das apresentações era muito curta e o intervalo entre bandas era muito longo, o que deixou meus amigos putos. Além disso, depois de dois princípios de briga, resolvemos sair de lá para ver outras coisas.
Fomos então para a Praça em frente ao Teatro Municipal. Lá estava tendo um espetáculo muito, mas muito formoso. Uma harpista estava se apresentando com um baterista/guitarrista/malabarista. Detalhe: a harpista estava tocando duas harpas, com sete cordas cada, mas, vale ressaltar, que não eram harpas comuns. As cordas estavam fixadas na parte externa do Teatro Municipal e desciam até o palco. A harpista ficava entre os dois jogos de sete cordas de assim tocava de modo coreografado o curioso instrumento.
Foi um show muito bom! Depois disso, lá pela 1h da manhã, resolvemos voltar e, neste momento, as palavras do policial fizeram todo o sentido. Da frente do Teatro Municipal até a Praça da República foi um caminho que deu ver bem em que consistia organização da virada cultural. Pelo caminho muito mais que lotado, muito mais que enfestado de gente, tive o desprazer de ver pessoas pichando portas, se drogando com tudo quanto é tipo de coisa, bebendo muito, fumando ainda mais. Isso sem contar aqueles "semi-cadáveres" jogados pelos cantos da rua. Com sono ou com seus corpos saturados de drogas essas pessoas estavam ao relento deitadas, dormindo nos cantos, nas guias e em todo o lugar. Foi uma visão sem dúvida alguma de caos em sua forma mais pura.
O ponto alto dessa zona toda que foi essa virada cultural, foi quando chegamos nas proximidades da Praça da República e vimos um ônibus parado. O povo estava escalando o ônibus e ficando em cima dele como se fosse um trio elétrico. Apesar de engraçada, esta cena serviu como uma ilustração de uma situação nada agradável. Estava claro pra mim que naquele momento e naquele local, qualquer um poderia fazer qualquer coisa que quisesse (se assim o espaço permitisse, já que estava muito muvucado). Qualquer um mais doido podia sacar uma arma e atirar nas pessoas, assaltar então nem se fala.
Depois dessa cena decidimos voltar, até porque todas as tentativas de chegar na região do palco foram frustadas pelo bolo maciço de pessoas que lá estava. Assim, por volta das 3h da manhã, encerrei a minha participação na virada cultural de 2009, sem conseguir ver o show das bandas que estavam tocando Raul...
Em suma, a Virada Cultural é, sem dúvida, uma idéia muito boa. Aplicar na população uma dose substancial e densa de cultura, propiciando um ambiente onde todas as tribos, pessoas e famílias possam conviver, é uma idéia bem visionária e, porque não, idealista. Contudo, como todos sabemos a utopia não existe nesse mundo, e, sendo assim, reunir milhões de pessoas num espaço aberto, público, sem controle de acesso, sem revista, sem segurança propriamente dita e com um efetivo de policiais desproporcional ao público visitante, me parece algo arrisado, no mínimo. A prefeitura joga muito com a sorte em eventos como esse, uma vez que a Virada Cultura acaba reunindo elementos "inflamáveis" (como os citados logo acima), que podem gerar uma "explosão", catastrófica e caótica, a qualquer momento.
Por fim, fazer a virada cultural em dia de final de campeonato também não me pareceu uma idéia planejada. A não ser que haja um secretário municipal do sarcasmo para decidir uma coisa dessas.
Torço para que o ano que vem este evento traga novidades, pois, como disse, é uma boa idéia, mas que ainda precisa ser muito lapidada.
Essa é só a opinião que tenho, baseada na vivência que tive. Ninguém é obrigado a concordar comigo.
Abraços!