sábado, 13 de junho de 2009

Dois

Só pra constar...todos os textos e poemas que não tem o autor mencionado, são de minha autoria, como este que segue abaixo. Não se preocupem, trabalho com propriedade intelectual há 5 anos e sei me proteger contra espertões de plantão.

DOIS

"Não posso dizer que estou arrependido por ter causado sua inimizade. Pra dizer a verdade, nunca tivemos amizade. Tenho isso muito claro para mim que as coisas deveriam ser assim. Talvez tenha sido uma combinação de ações, talvez tenha sido orgulho, talvez tenha sido o abafamento da razão ou a falha ao ver o futuro.

Quando você queria a paz, eu quis a guerra, quando eu quis a paz, você disse "já era". E esse jogo alternado e retardado, de duas pessoas que não sabem da vida sequer uma metade, acarretou neste lamentável resultado. Duas ilhas é o que somos, mas um oceano um dia fomos, misturados em um mesmo e hoje afastados pelos erros.

Olhar para o passado não é querer reviver o que foi acabado. Imagino que seja uma vontade de reparar o que se deu, pois na época não conseguimos interpretar o que aconteceu. O tempo passa, o outono vem, é junho novamente, ainda bem, não estou triste ou infeliz pelo que se sucedeu.

Como a maçãs ou outros frutos, com o tempo e as experiências, ficamos maduros e o que antes era escuro agora revela o tudo. É fácil agora enxergar que as diferenças não poderiam jamais juntas morarem, mas será que nem um pouco próximas elas poderiam estar, para a amizade pelo menos restar?

De um lado, o maduro, em um momento fortuito, um antigo imaturo que teve seus motivos, acreditem, para agir feito um burro. De outro lado, alguém que não cede, que não percebe o que fizeste, que tentou não perder a pose, que nunca abaixou a guarda, mas que uma vez esteve com ânimo para levar a adiante o resquício de amizade resgatada. Duas forças marcantes, instigantes, dois antigos, dois amigos e, por hora, dois inimigos.

Quais causas justificariam com plenitude o fim dos diálogos entre dois, que agora são cada um, e cada um assim separados? Se os caminhos são divergentes por que ao menos não tentar algo diferente? Mesmo que não haja lealdade ou amizade, por que não deixar as coisas, pelo menos, na neutralidade?"

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