terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Num domingo à tarde...
Esquive seus olhos do pior.
Ou veja inócuas belezas
Da mais humana torpeza.
E deflagram-se mundos e montes!
Irrefletidamente, consome-se!
Galgando, sem qualquer óbice,
Assentar-se sobre mais posses.
Dependuram-se, acredite,
No sonho atrás do vidro,
Sonho em logro que emite:
“desejo, mereço e preciso”.
O ar é de alto valor vazio,
É véu de perfume e belezas mil,
É condicionado e de forma vil,
A iludir o velho e o juvenil.
Sobre o mármore peregrinam
E amontoam-se no “lazer”,
Concorrendo, se enfileiram,
Para as telas os entreter.
E assim eles vão e vêm,
E assim todos vêm e vão,
Num pêndulo de um mover em vão,
Onde ninguém faz menor questão
De ousar lançar mão
Dessa certa e confortável medida,
Rápida e fácil, pobre e resumida,
E dita ÚNICA opção de vida
Aos fins de semana, noite e dia,
Para o sorriso do repouso semanal
E o gasto do provento mensal.
Pelo título, tem-se a impressão de uma descrição de uma paisagem ou de um episódio ao ar livre, não é? Porém, como sou paulistano da gema, um domingo à tarde fora de casa, quase sempre, em São Paulo, significa ir a um shopping center para "tentar" ir a algum cinema ou "aproveitar" qualquer outra "atração" do lugar - o que geralmente envolve comida ou envolve compra. Em suma, é triste ver que nos afunilamos, aos fins de semana, nos corredores, como ovelhas cegas e compradoras, ao invés de aproveitar nosso tempo de lazer de outras formas. É igualmente triste perceber que, numa cidade como São Paulo, as pessoas carecem de opções de lazer. E isso ocorre, na minha opinião, por dois motivos: 1 - as pessoas não conhecem a agenda cultural da cidade; e 2- não há o que as agrade na agenda cultural da cidade. Também pode existir o "fator preguiça" e o "fator comodismo" (ambos irmãos em motivação). Além disso, colaborando com a preguiça, é relevante o fato de que cada vez mais os bairros estão abastecidos com shoppings próximos, o que dá ares de praticidade a esta opção de lazer.
É claro que pegar um cinema aos domingos é muito bom. Porém, me parece que, para muitos, esta é a única opção para sair de casa e deixar de assistir o Faustão...
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Em um bar...
Essa poesia, com uma estrofe de conclusão a ser escrita, foi feita pelo meu grande amigo Erick Marquardt de Araújo e eu. Cada um escreveu uma estrofe e, assim, fez-se um diálogo ao longo do poema.
Amigo, eu digo que da vida não sei um terço,
fui fiel a cada sentimento que tivera,
não fiz mal nem aprovei quem o fizera,
e mesmo assim sossego eu não conheço
Entendo, meu caro, seu profundo e sincero descontento.
Ainda que as asas soturnas dos dias se abram em prantos
A cada aurora resta vívida chance de novo encanto,
Para equilibrar e expurgar este seu desalento.
É o que dizem, que tudo alcança quem espera,
mas esperança, meu caro, já não vejo,
se o mesmo céu onde o amor me acolhera
hoje entrou com a ação do meu despejo.
Assim é a vida: ora céu, ora inferno, ao longo do claro e do escuro.
E, cada sorriso sincero prova que o frio do inverno, não é eterno, nem absoluto.
Tanto assim é que há quem, ali, não vê em você só luto.
Com aquela ali de sorriso terno, quem sabe não sai do abismo para o mundo?
Ah quem me dera, poder despir-me do luto
e aos sorrisos ternos aliar-me como amigo.
Mas como pode, após vagar em agonia e desabrigo,
um coração semear o amor onde é solo devoluto?
Deixando na estante das experiências os dissabores
Livres para serem consultados, e não mais adorados.
Deixando de rezar teimosamente para estes “santos” amargores
Como se eles representassem, ainda nessa sua idade
O universo pleno e ilimitado de todos os pesares, de todos os amores.
Seguir adiante, meu caro, em frente é o que mais escuto.
Minha caminhada sempre foi de fé, de força, fremente;
porém é contra minha mente fértil com que mais reluto,
que de escárnio faz do meus amores inglórios presentes!
Mas jamais temi pagar em lágrima ou sangue o meu tributo.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Para acompanhar as flores
Amada,
Acredito que estas flores, com seus perfumes e olores, irão retratar, com toda a delicadeza que as cabe, um gesto singelo, porém romântico, e um sentimento sincero de forma elegante.
Mesmo que eu me utilizasse de belas palavras para expressar o quanto estou feliz por você estar aqui, nenhuma delas, isoladas ou em suas várias combinações, pode sequer chegar aos pés desta emoção, que toma meu corpo, alma e coração.
Por isso, sem muito mais me alongar (pois sei que é uma mulher prática), peço que aceite de bom grado o que estas flores têm a dizer por mim e, se desejar, responda aos seus dizeres num quente abraço nosso e sem fim.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
De novo, o retorno. Again such fucking pain!
que não se cansa de levar surra
leva, toma, faz e traz
imaginando ir pra frente, sendo que está indo para trás
esmera suas poesias
vislumbrando formosos dias
reluzentes momentos
sem sombra ou desalentos
sem nada que atrapalhe
a sua ilusão, sua mentira, seu disfarce
é um inocente, um jogado na realidade
idiota, parvo sem questão de saber a verdade
alicerça seus versos, oh! adolescente
se comportando como um fraco e inconsequente
cego por seus versos
tonto pelo belo
ama o que é poético
tudo em nome do elo
que acreditou viver
quando àquela uma esteve a escrever
deixou-se enganar, tolo
quis bancar o pândego
ignorou seu âmago
não pensou, nem raciocinou
à lápis em letras idealizou
um contraste, um paradoxo
algo nem um tanto ortodoxo
uma união sem sucesso
recaiu no regresso
parnasiano clássico
romântico fracassado
teimosia é seu predicativo
oh! poeta se respeite, seja altivo
não se bande em miragem
o que se vê nem sempre é o que é verdade
se queres meu conselho
peço, repitas defronte ao espelho:
versos deves parar de escrever
sem saber se dela vais ter
no final aquilo em que mais estás a crer
domingo, 23 de outubro de 2011
Fortaleza e Delicadeza
Imperiosas são as atitudes
Proferidas por esta nobre mulher
Segura e sabida do que quer
Independente e convicta do que é
Ela é uma fortaleza que concentra
Entre outras coisas, suas barreiras
Que a torna sólida, que a faz heróica
Mas dentro destes muros
O que há de haver?
Por trás do refúgio seguro
Haverá escuro ou luz a viver?
Pelo pouco que escapa às instransponíveis
Posso arriscar a dizer que tal fortaleza
Que dá forma à sua força e beleza
É também lar de algo bom e invisível
Pelas janelas da alma, quando olha meus lábios
Pelo deslize de suas mãos sobre meus braços
Pelo mergulho cego que dá em meu abraço
Ouso a afirmar, sem embaraço
Que dentro das barreiras dessa fortaleza
Há meiguice, carinho e chamego
Uma pétala de toda delicadeza
Há ela: frágil, feminina
Uma linda menina
De face indefesa.segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Há 3 anos atrás...
daquelas com cabeça pequenina
sem acrescentar a sua vida
algo que de bom te sirva
Não quero mais saber
não sei compreender
a infantil mediocridade
as atitudes de posse
e de falta de maturidade
Basta da ingenuidade dos jogos
minha mente não é banhada em ócio
para ser insultada
por uma qualquer abestada
A insatisfação que me toma
é fruto de outras tristes horas
em que pela dor aprendi
o que quero para ser feliz
Ah! Mas se a sorte a mim vier
quero pedir aos céus uma mulher mulher
segura e sábia do que quer
independente e convicta do que é
Uma cúmplice das loucuras
Uma companheira nas aventuras
Mais dois ombros em todas as lutas
e até devassa em nossas luxúrias
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Resgate
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
A paixão
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Seu Humor
Essa eu escrevi pensando "manda quem pode e obedece quem tem juízo"...rs.
Entre altos e baixos
Ora feliz, ora com raiva
Seus cambalachos
Fazem do erro dádiva
Agradar-te: só às vezes,
Pois o “pra sempre”
Sempre é incerto
E ao passar os meses
Por favor, me lembre
Que não sou inerte
Pois, entre altos e baixos
Ora feliz, ora com raiva
Seus cambalachos
Fazem do erro dádiva
Se me pedir, eu vou,
Eu volto, eu deixo
Se me pisar, eu deixo,
Mas, não volto e te dou
Um adeus e me vou
Pro meu aconchego
E quando passar os meses
Quero que se lembre
Que não sou inerte
Pois te agradar às vezes,
Não consigo sempre
Nesse humor incerto
Pois, entre altos e baixos
Ora feliz, ora com raiva
Seus cambalachos
Fazem do erro dádiva
Na malandragem retórica
Dilui a falsa simpatia
Canta música, conta anedota
Tapando erros com poesia
Se me pedir, eu endosso,
Volto, finjo e gosto
Se reclamar, sou surdo,
Burro, finjo e curto
E se me pisar, eu deixo,
Mas não volto e te dou
Um adeus e me vou
Pro meu aconchego
E quando passar os meses
Quero que se lembre
Que não sou inerte
Pois, dos seus altos e baixos
de felicidade e de raiva
vou me cansar
e dos seus cambalachos
que fazem do erro dádiva
vou me afastar,
finalmente e basta!
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Distância Temporal
Como foram surgir estes vales e vales entre nós? Por que há hoje ares e Hades entre os nós das tramas que traem nosso encontro e reencontro? Explicação alguma reside na distância temporal que subsiste e insiste em interpor-se entre você e eu, entre o meu querer e o te ter, entre o teu esperar, longo esperar. E isso me preocupa. Já não bastam os anos que esperaram lá distantes, silentes sentados pacientes, passando, voando, quietos... E, agora quando assim surge a chance, urge também instigante aquela vontade louca de estar com você. E, estar aqui só pensando em ti é tormento sem fim, crede em mim.
Oh! Tempo, qual seria teu intento? Sabes o quanto é bela a donzela e, inda assim, me repele dela sem alguma trela, sem dó, nem trégua. Já disse aqui outrora do maldito calor que me ascende e mesmo assim não entendes.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
DOR...
Óh! Quanta dor eu sinto
Por que assim me machuca?
Atravessa e corrói sem sentido
com maldade, na penumbra.
E sua estaca sangrenta
Me julga pelo que fiz e quis,
Me perfura de forma horrenda,
Sorrindo ódio febril e vil.
Por que tão aguda?
Por que desfere desespero?
Por que me bate na labuta,
na cama e no dia inteiro?
Até que cresci bastante
e coisas aprendi com ela
mas seria qual a lição secreta
que justifica a dor gritante?
Não há coincidências nem no amor e nem na dor. Tudo tem um propósito, ainda que seja somente o aprendizado. Tudo tem um sentido, ainda que seja difícil enxergar, especialmente no curto prazo. Tudo tem uma lógica.
Tirar lições de tempos tempestuosos não é fácil...Aplicar tais lições no dia-a-dia também é não é coisa simples. Porém, vamos em frente, absorvendo os aprendizados que a vida nos proporciona.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Coletânia...
O começo:
http://gustavo-sartori.blogspot.com/2008/12/o-comeo.html
Maldito calor:http://gustavo-sartori.blogspot.com/2009/01/abrindo-o-ba-parte-1-o-paraso.html
Paraíso:http://gustavo-sartori.blogspot.com/2009/01/abrindo-o-ba-parte-2-o-paraso.html
Bendito calor:
http://gustavo-sartori.blogspot.com/2009/02/bendito-calor.html
Artificialidadehttp://gustavo-sartori.blogspot.com/2009/05/artificialidade.html
O eremita
http://gustavo-sartori.blogspot.com/2009/06/o-eremita.html
O nome dela (rima com ela)http://gustavo-sartori.blogspot.com/2009/06/o-nome-dela-rima-com-ela.html
Todo poeta é uma mula:
http://gustavo-sartori.blogspot.com/2009/07/todo-poeta-e-uma-mula.html
Visão nublada:
http://gustavo-sartori.blogspot.com/2009/09/visao-nublada.html
Sonho:http://gustavo-sartori.blogspot.com/2009/10/sonho.html
Olhando a fotografia:
http://gustavo-sartori.blogspot.com/2011/03/olhando-fotografia.html
Minha terra:
http://gustavo-sartori.blogspot.com/2011/06/minha-terra.html
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Minha terra
Segue mais uma poesia que escrevi em algum momento nesses últimos 6 meses.
Minha terra
Lá não era rei
E não tinha terras
Não era deus nem de uma légua
Mas, possuía, naquela terra,
uma ciranda de cores,
uma aquarela,
de uma porção de coisas,
que coisas belas!
das que me faltam cá,
aqui nesta terra.
E, desde então,
cá nesta terra,
provo de um condão,
sem cores belas,
soturno e distante,
léguas e léguas,
do ar inebriante
daquela terra.
E andando sem trégua,
cá nesta terra,
pensando no findar,
no passar de uma era,
sigo pensando lá,
na minha terra,
para as forças criar,
e travar minhas guerras.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Eclipse lunar
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Versos de outrem: Mário Quintana
Dentre os vários versos e vários poemas dele, escolhi postar o "Bilhete", que transcrevo abaixo:
BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Depois de um banho demorado
Escrevi esta em 2009...e só estou postando agora....
Depois de um banho demorado – 10/06/2009
Nu em um banheiro
Me olho num espelho
Não vejo o paradeiro
Mas sinto seu rastro no meu peito
Ainda em meio à nevoa
Com o corpo molhado
Procuro na mente uma trégua
uma liberdade de um pecado
Assim me deixo levar
Para um lugar atemporal
onde seria possível errar
e errar e errar
e ter o poder de consertar
Mas a água sobre o corpo
Se resfria num instante
E o que era quente
Agora é morto
A névoa se esvaece
E o que vejo em minha frente
Apesar de ser sorridente
Com seu estigma permanece
Depois de arrefecido
Só o frio é meu “amigo”
E essa frígida companhia
Que figura como inimigo
Quando você está em minha vida
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Um dia de cada vez....
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
terça-feira, 10 de maio de 2011
Composição
A poesia não mora na forma
É fato, sentimento
E não existe norma
É mais que pensamento
Surge num momento
Sem dizer a hora
De repente invade seu ser
Toma conta do querer
E não há o que entender
Então uma força estranha
Cheia de artimanhas
Movimenta minha mão
Dita-me palavras
Em português, turco ou alemão
E faço sem querer poesia
Sem qualquer habilidade ou maestria
Apenas deixando vazar
O que o coração tem a falar
É mais ou menos assim que me surgem os versos...A partir de um sentimento forte, eles simplesmente fluem, como que ditados, da minha mente ao papel.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Versos de outrem: Aquarela
Essa música é classificada como música para crianças...Mas, ao analisar o trecho abaixo da letra, dá pra ver que a mensagem não é exatamente infantil. Pelo contrário, a mensagem é profunda e reflexiva.
"Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá..."
quarta-feira, 20 de abril de 2011
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens..."
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado." -1ª Epístola de S. Paulo aos Coríntios.
O termo "amor" é entendido como "caridade" em algumas traduções (de acordo com a Wikipédia).
quarta-feira, 13 de abril de 2011
O tempo não volta
Escapou-me por entre os dedos aquilo que, em verdade, talvez nunca tenha sido meu. Fiz tudo errado. Mas, ainda que tivesse feito o certo, o tamanho do incerto sempre será dúbio. A vida é mesmo arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida, como diria Vinícius. Seus descompassos são cruéis com os que erram...
Dessa causalidade não há como fugir. E nisso até a natureza nos ensina. Basta lembrar que: "A toda ação corresponde uma reação, de mesmo módulo, mesma direção e de sentido oposto". Inevitável, infelizmente.
Portanto, é sempre bom pensar que, nem sempre, a falta de sorte ou o destino são as causas de todas as dores que sentimos. Basta analisar, refletir melhor sobre nossas dores, e iremos concluir que boa parte das feridas que carregamos foram causadas por nós mesmos. Desse modo, mesmo que estejamos prontos para seguir em frente e tentar um novo recomeço, pode ser que a outra parte não esteja mais no mesmo compasso, na mesma sintonia, em função de fatos causados no passado.
A esperança que deve haver nisso tudo é que a dor não é um fim (assim espero). Ela é meio. E, quando digo meio, quero dizer que, em face da mais aguda das crises ou do mais leve arranhão, haverá sempre algo a aprender.
A dor só é melhor professora que o amor e a felicidade, porque ela nos cobra "lição de casa", ou seja, reflexão e mudança íntima para não errar novamente.
Sigamos...
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Foco
No esforço diário
O pensamento voa
Sem norte, à toa
A qualquer itinerário
No tanto do fazer
Que tanto nos consome
Nem quando se dorme
É possível entender
Que o guia ébrio
Dos devaneios soltos
É fonte dos enganos
Que nos torna débil
Ainda que árido,
Que parco e pálido,
É seu céu, seu erário,
um pensar focado
Com um enfoque
Tem-se lucidez
Podendo dar seu toque
Com fé e sensatez
Mais um poema de minha autoria...
Foco nos pensamentos é algo importante para que não nos deixemos levar por idéias e ideais errôneos, que não condizem com o que queremos e com o que somos em nosso íntimo. Esse foco pode brotar de várias formas. Pode surgir pela força de vontade, pela compaixão, pelo desejo de melhorar, pela ambição, pelo querer do muito crescer, pelo desejo de ajudar, pelo amor, pela paixão, pelo carinho aos outros, pela fé, etc...
terça-feira, 5 de abril de 2011
Déficit de subjetividade
"(...) Vivemos em um tempo de déficit de subjetividade. O que isso quer dizer? Que há um empobrecimento na experimentação de formas de vida. Os grandes mitos da sociedade hoje são, quase sempre, figuras cuja presença no imaginário das pessoas se deve a um aparato aurático produzido pela repetição infinita de sua imagem nos meios de comunicação de massa. Para além ou aquém dessa aura midiática, pouco resta.
Assim, os ícones do espetáculo não se apresentam como referências para experimentações de formas de vida, e a arte - embora, a meu ver, viva um momento histórico vigoroso - não se apresenta, observando em termos de tendências gerais, como uma convergência do ético com o estético. (...)"
"(...) Em um momento como esse, em que experimentações de formas de subjetivação ao nível dos afetos, da produção de relações, são desencorajadas pela sociedade do consumo e do espetáculo, os valores que Vinicius [de Moraes] faz circular na cultura (em suas letras, mas também em todo o rastro de signos que disseminou em sua passagem) tornam-se, mais do que desejáveis, urgentes: o amor, a amizade, a invenção de formas de vida, a exploração corajosa do amplo território da imanência. A vida."
Trecho do texto "Altas Intensidades" de autoria do escritor Fernando Bosco, extraído do site do Vinícius de Moraes (http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=1261o)
segunda-feira, 21 de março de 2011
Olhando a fotografia
E esse solto sorriso
Que rindo escapa leve
É um romance vivido
Um lindo sonho breve
E de lá vejo um brilho
Branco, vivo e aberto
Que me serve de trilho
Para ir ao seu incerto
É o pó das estrelas
Que celestialmente
Desperta amor latente
E me põe num dilema
Se um dia eu ousar
Rever de perto esta dádiva
Para mim sorrirás
Ou ficarei em lágrimas?
Mais um poema de minha autoria.....
segunda-feira, 14 de março de 2011
Versos de outrem: Moraes Moreira - Pão e Poesia
Eis a letra:
Pão e Poesia
Composição: Moraes Moreira / Fausto Nilo
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
Se a vida fosse trabalhar nessa oficina
fazer menino ou menina, edifício e maracá
virtude e vício, liberdade e precipício
fazer pão, fazer comício, fazer gol e namorar
Se a vida fosse o meu desejo
dar um beijo em teu sorriso, sem cansaço
e o portão do paraíso é teu abraço
quando a fábrica apitar
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
Numa paisagem entre o pão e a poesia
entre o quero e o não queria
entre a terra e o luar
não é na guerra, nem saudade nem futuro
é o amor no pé do muro sem ninguém policiar
É a faculdade de sonhar é uma poesia
que principia quando eu paro de pensar
pensar na luta desigual, na força bruta, meu amor
que te maltrata entre o almoço e o jantar
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
O lindo espaço entre a fruta e o caroço
quando explode é um alvoroço
que distrai o teu olhar
é a natureza onde eu pareço metade da tua mesma vontade
escondida em outro olhar
E como o doce não esconde a tamarinda
essa beleza só finda
quando a outra começar
vai ser bem feito nosso amor daquele jeito
nesse dia é feriado não precisa trabalhar
Pra não dizer que eu não falei da fantasia
que acaricia o pensamento popular
o amor que fica entre a fala e a tua boca
nem a palavra mais louca, consegue significar:
felicidade
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
quarta-feira, 2 de março de 2011
Aos poucos
E você não vai notar
Pensou que o fim foi sua sentença?
Vou caminhar
e sorrateiro vou estar
à espreita em sua porta.
Voce deixou a janela aberta,
Para ser sincero
uma pequena fresta.
Então não será do zero
que iniciarei
mais essa guerra
E sonhando que viverei
contigo em paz na Terra
fiz da dita fresta esperança
Hei de abrir suas portas
E com temperança
Colher das hortas
Desta vida louca
Aquela florzinha roxa.
Oh! Solidão, fonte eterna da inspiração, a que me tens de regresso? Entra, podes entrar a casa é sua. Já estou cansado de te ver na rua. Vou viver seus carinhos gélidos...
Pois é meu povo. Estou voltando a ativa...Tirando a poeira e vivendo novas emoções em mais uma nova fase.
Fiz esse poema agorinha...mais um fresquinho.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Curintia - Vergonha da Libertadores. Alegria do Brasil.
"Era um time muito engraçado,
não tinha história, não tinha estádio.
Libertadores não tinha não,
time sem graça, sem tradição.
Um belo dia quis competir,
mas passaporte não tinha ali.
Libertadores na ansiedade,
só no playstation e no memorycard."
TO-Liminado!!
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Fechado num quadrado
as palavras me fogem
os elogios se perdem
e o tempo fica parado
não se consolida
a visão destemida
aquela ambição sonhada
aquela realidade projetada
Fechado num quadrado
em face do caos
esse mesmo estado
permanece igual
Confinado, perdido
assombrado e aflito
cansado e parado
sou assim nesse quadrado
É preciso sair das prisões que nos impedem de desenvolver nossa plena capacidade. As vezes, perdemos o foco de nossa evolução em função de coisas bobas. Às vezes, a rotina nos prende e ela, então, se torna a nossa prisão - o nosso quadrado. Às vezes, nosso modo de vida nos prende, nos cansa e, sem percebermos, deixamos de viver coisas boas, brigamos, fazemos coisas das quais nos arrependemos.
Enfim, enquanto ficarmos nos muitos quadrados que nos confinam, continuaremos, em algum aspecto de nossas vidas, presos, perdidos, assombrados, aflitos, cansados e parados no tempo.
Portanto, refletir e AGIR são coisas sempre necessárias.
Obviamente, esses dizeres abstratos são belos na teoria. Na prática, a coisa pode funcionar de outra maneira. Pode ser preciso uma perda, uma carcada do chefe, uma briga com alguém que você ama, um rompimento de amizade ou namoro, para nos fazer acordar, revisar o nosso modo de vida e, finalmente, nos fazer sair do quadrado.
Abs!